A cada três dias, em média, uma denúncia de intolerância religiosa chega à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Entre 2011e 2014, 504 queixas desse tipo foram relatadas à pasta pelo Disque 100, canal de denúncias para violações dos direitos humanos, que são repassadas à polícia e ao Ministério Público.

O governo federal reconhece que a intolerância religiosa, na prática, tende a ser maior do que aquela denunciada e que cenas como a da menina de 11anos agredida com uma pedrada na cabeça na Vila da Penha, zona norte do Rio, estão longe de ser casos isolados.

Em 2013,45 episódios relatados de intolerância religiosa envolveram violência física (20% dos casos do ano). Até julho de 2014, outros 18 haviam sido registrados (12%). Os evangélicos aparecem em segundo lugar entre as vítimas de intolerância mais de um quarto dos casos detalhados.

A lista de atingidos não poupa nenhum tipo de fé. Embora em menor número, espíritas, católicos, judeus, muçulmanos e até rastafáris constam nos dados da secretaria, e noticiados pela Folha de São Paulo. Nos últimos quatro anos, nem os ateus ficaram de fora.

Pessoas sofrem com intolerância religiosa

Há 59 anos, a Organização Cristã Internacional Portas Abertas atua nos países onde cristãos sofrem cotidianamente com a intolerância religiosa. Pesquisa realizada com cristãos das mais diversas nações e que lista os países mais opressores ao cristianismo. Em 2015, Coreia do Norte, Somália, Iraque, Síria, Afeganistão, Sudão, Irã, Paquistão, Eritreia e Nigéria são os dez primeiros países do ranking. Que ninguém busque vingança, diz um pastor local à Portas Abertas.

Assim como em diversos países da região, o extremismo islâmico praticado por grupos como o Boko Haram e outras frentes do radicalismo religioso oprimem os cristãos diariamente. Notícias, em que pessoas morreram unicamente por causa de sua fé, acontecem quase que semanalmente. A maioria delas não é noticiada pela mídia, outras nem chegam ao conhecimento de quem está fora do país.

Em conversa com a Portas Abertas, um pastor brasileiro*, responsável por uma das bases missionárias destruídas no Níger, em contato com cristãos que atuam no país (alguns desde 2001, outros desde o ano passado) afirmou: Eles fugiram da base minutos antes da base ser destruída. Um pastor morreu.

Brasil, enfim, se posiciona sobre barbáries e condena intolerância religiosa do Estado Islâmico

A barbárie perpetrada pelo Estado Islâmico contra cristãos e divulgada em vídeo nos últimos meses foi duramente criticada pelo governo brasileiro, que finalmente se colocou em posição de repúdio às ações terroristas.

O Estado Islâmico decapitou um grupo de cristãos numa praia e executou a tiros outro grupo, numa área desértica, e divulgou as mortes em vídeo.

A nota oficial divulgada na última dia, 20 de abril, pelo Ministério das Relações Exteriores aponta que o Brasil condena ferrenhamente a “intolerância religiosa” e “terrorismo” praticado pelo Estado Islâmico.

Confira abaixo a íntegra da nota publicada pelo Itamaraty:

“O Governo brasileiro expressa uma vez mais sua veemente condenação aos atos criminosos perpetrados pelo autodenominado ‘Estado Islâmico’ e seus grupos afiliados. O atroz assassinato de cristãos etíopes na Líbia, tornado público ontem, e o atentado terrorista no último sábado em Jalalabad, no Afeganistão, que resultou em dezenas de mortos e feridos, denotam absoluta falta de respeito aos direitos humanos mais básicos e são afrontas diante das quais a comunidade internacional não se pode calar.

O Governo brasileiro reitera sua repulsa à intolerância religiosa e ao terrorismo, qualquer que seja sua origem ou justificativa”.

Fonte: Folha de São Paulo / EMILIO SANTANNA – Exibir Gospel – Gospel Mais / Tiago Chagas